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Advogados do ex-deputado Natalino querem que ele vá para prisão domiciliar

Advogados do ex-deputado Natalino querem que ele vá para prisão domiciliar

A defesa do ex-deputado estadual do Rio e ex-policial Natalino José Guimarães, de 69 anos, entrou com um pedido de habeas corpos no Supremo Tribunal Federal (STF) na última quinta-feira. Os advogados Alexandre Carneiro e Marcelo Cavalieri querem que a prisão do cliente — apontado como fundador da milícia Liga da Justiça e preso em dezembro do ano passado por suspeita de envolvimento com grilagem de terras — passe a ser domiciliar por causa de problemas de saúde.

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De acordo com Alexandre Carneiro, Natalino já teve câncer, tem diabetes, hipertensão e tem problemas psiquiátricos. Atestados médicos foram anexados ao pedido de HC. O ex-deputado se encontra preso no Presídio Bangu 8, no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio.

— A prisão é necessária quando há risco de fuga ou de interferência nas investigações. O senhor Natalino é um idoso doente, que não representa risco — afirmou o defensor.

Alexandre disse que o ex-deputado tem filho com esquizofrenia, que precisa de acompanhamento. O advogado alegou que a esposa de Natalino é idosa e não consegue cuidar do rapaz sozinha.

O defensor ressaltou ainda que atualmente o ex-deputado não tem qualquer ligação com a milícia. Ele nega, ainda, que o cliente esteja relacionado à grilagem de terras em Búzios, na Região dos Lagos do Rio.

Denúncias de invasões de terras

Desde junho de 2022, o Ministério Público de Armação dos Búzios e a 127° DP (Búzios) vinham recebendo uma série de notícias-crime sobre invasões de terras por grupos armados em diversos terrenos, na região da Estrada da Fazendinha. Natalino é apontado como integrante dessa organização na investigação.

Segundo a denúncia do MP, o grupo estaria em atividade desde 2020 e usaria práticas violentas e fraudulentas para ocupar e comercializar terrenos. Esmeraldo da Conceição e Silvan Escapini, supostos grileiros, estariam invadindo, com seguranças armados, os terrenos. Eram desmatadas áreas protegidas e realizadas queimadas. Os terrenos eram vendidos por duas imobiliárias: a Great Empire Administradora de Bens Ltda e a ÔmegaVille, localizada em Campo Grande, na Zona Oeste da capital.

A denúncia do MP destaca que o grupo criminoso se aliou a ÔmegaVille para promover o loteamento da área invadida e venda dos terrenos. Além disso, deu lotes a figuras conhecidas por envolvimento com a milícia em troca da prestação de serviço de segurança das invasões promovidas.

Fundador de milícia

Natalino é irmão do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho. Os dois são apontados como fundadores da Liga da Justiça. O grupo criminoso — que mais tarde passou a ser chamado de Bonde do Zinho, após Luís Antônio da Silva Braga, hoje preso, assumir seu controle — age na Zona Oeste do Rio.

Jerominho foi morto em agosto de 2022, segundo o Ministério Público por ter traçado um plano para reassumir a milícia que ajudou a fundar. No enterro do irmão, Natalino afirmou que morreria no lugar dele:

— Ele era um irmão muito querido. Ficou dez anos preso injustamente. Quando eu fui baleado, ele me carregou no colo. Se eu estivesse lá, na hora da execução, morreria por ele.

A Liga da Justiça foi criada em meados dos anos 1990 e tinha um morcego como símbolo. Ele era pichado nas ruas para demonstrar que a região era controlada pelos paramilitares. No início, a milícia atuava com foco na exploração do transporte clandestino e tinha ex-policiais militares como seus principais integrantes — Ricardo Teixeira Cruz, o Batman, preso em 2009; Toni Ângelo de Souza Aguiar, preso em 2013; e Marcos José Lima, o Gão, preso em 2014.

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